Em meio à devastação causada pelas enchentes no Rio Grande do Sul, José Carlos, um corretor de imóveis conhecido em Itapema, teve seu barco furtado no estacionamento de um supermercado enquanto trabalhava voluntariamente na região de Canoas nesta segunda-feira (13). A embarcação era usada nos resgates e para levar alimentos aos desabrigados. Ele conseguiu identificar o suspeito, o imobilizou e acionou a Brigada Militar.

O corretor José se dedicou nas últimas semanas à ajuda humanitária, transportando alimentos e suprimentos para os desabrigados em seu barco, sob condições adversas de chuva constante. “Eu vim para cá para ajudar. Estava todos os dias lá, mesmo com chuva, apenas nos resgates com o barco”, conta.

Durante uma de suas missões, José enfrentou um golpe duro: seu barco foi furtado. “Estava na terceira compra de suprimentos com doações via Pix. Primeiro fazia as compras, carregava a caçamba da caminhonete e enchia o barco de alimentos e outras doações para descarregar nos abrigos. Quando fui buscar a caminhonete para carregar, o barco já não estava mais lá”, relata. A corrente e o cadeado que o prendiam foram encontrados estourados, evidenciando o furto.

José imediatamente correu para o mercado onde câmeras de segurança capturaram o furto. “Apareceu o rosto da pessoa que furtou. Ele tinha um veículo prata, com uma placa dobrada e a outra faltando. Ele engatou o barco atrás, estava prestes a arrebentar e foi embora”, descreve o corretor. Essas imagens foram fundamentais para a investigação e identificação do suspeito.

Com a comunidade alerta, José e a polícia iniciaram uma busca intensa. “Conheci muitas pessoas boas aqui, que compartilharam bastante”. Alertada, a Brigada Militar, juntamente com José e voluntários, iniciou uma busca intensiva. A comunidade local também se mobilizou, compartilhando as informações nas redes sociais, o que ampliou o alcance e facilitou a chegada de uma denúncia crucial. Essa denúncia identificou o suspeito.

“Chegou a denúncia dizendo que a pessoa foi reconhecida pelas imagens da câmera do mercado, passando o nome e o endereço dele”, relata José.

“Com essas informações, chamei a brigada militar, que já me acompanhava. Decidimos passar de carro pela casa do suspeito para investigar. Junto comigo estava um voluntário de São Paulo. Ao nos aproximarmos da residência denunciada, identificamos o carro envolvido no furto do barco, e vimos a mesma pessoa que aparecia nos vídeos, vestindo as mesmas roupas, saindo do veículo”.

“Vimos o carro e o suspeito. Fechamos ele com o carro e dei voz de prisão”, conta. Apesar da resistência inicial do suspeito, a rápida chegada da brigada com a equipe de choque garantiu que ele fosse contido e levado para a delegacia. “Meu barco estava no fundo da casa, que é um sobrado bem grande e conservado, fora da área de risco”, relata.

Mesmo após o ocorrido, José segue atuando como voluntário no estado vizinho nesta quinta-feira (16). Ele compartilha a jornada e os desafios através das suas redes sociais.