A dependência em drogas, seja de substâncias lícitas ou ilícitas, é uma questão de saúde pública global, conforme destacado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Reconhecida como uma doença crônica, o alcoolismo, em particular, tem sido associado a mais de 300 mil mortes anualmente nas Américas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). ✅Clique aqui […]
A dependência em drogas, seja de substâncias lícitas ou ilícitas, é uma questão de saúde pública global, conforme destacado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Reconhecida como uma doença crônica, o alcoolismo, em particular, tem sido associado a mais de 300 mil mortes anualmente nas Américas, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
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Em entrevista exclusiva ao Lance Itapema, Alyne Fernandes Prado, psicóloga da Comunidade Acolher, discutiu a importância do Dia Nacional de Combate às Drogas e ao Alcoolismo, celebrado nesta terça-feira, 20, e os desafios enfrentados por aqueles que lutam contra o vício.
“Para mim, a importância está na conscientização. Infelizmente, a dependência química é permeada por preconceitos, onde muitas pessoas não sabem que se trata de uma doença oficialmente reconhecida pela OMS”, afirmou a psicóloga.
Quanto aos principais desafios enfrentados por quem luta contra o vício, Alyne destacou os sintomas da doença, como a abstinência, e os estigmas em torno do vício. Segundo ela, muitas pessoas tratam o vício como uma vontade que pode ser controlada facilmente pela pessoa. “[Este é um] pensamento errôneo, uma vez que a doença não é controlada apenas pela força do querer.”
Para enfrentar esses desafios, as pessoas em recuperação precisam passar por uma mudança de comportamentos e hábitos. Segundo a psicóloga, é preciso fazer uma reprogramação na rotina do dependente para que ele possa usar as ferramentas disponíveis para o controle do vício. Por isso, a Comunidade Acolher atua para proporcionar essa transformação aos indivíduos, focando especialmente em homens que enfrentam o vício em drogas e álcool.
Fundada em junho de 2012, a Comunidade Terapêutica Acolher oferece um espaço saudável, tranquilo e em contato com a natureza localizado na Estrada Geral do Sertão do Trombudo, em Itapema. Desde sua fundação, a Comunidade presta assistência em saúde para dependentes químicos, tanto da Costa Esmeralda, quanto de outras regiões do país.
“A comunidade Acolher trata deste assunto com respeito e acolhimento, mostrando que, apesar de ser uma doença gravíssima, existe uma luz no fim do túnel, que é o tratamento adequado. Ele possibilita o controle da doença, já que a mesma é incurável. Acolhemos os dependentes químicos e também os familiares que precisam de ajuda.”, destaca.
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Dentro do tratamento, a psicologia tem um papel fundamental ao atuar diretamente na identificação de comportamentos que levam ao uso de substâncias químicas, além de ter o papel de propor a substituição de comportamentos destrutivos por comportamentos saudáveis. “É necessário olhar o contexto como um todo, desde a infância até a atualidade de quem procura ajuda e, desta forma, trazer a consciência e prática da necessidade de transformação”, explica.
Além disso, o apoio psicológico ao dependente é importante para ajudar o indivíduo a lidar com as muitas consequências do uso e abuso de drogas. Prejuízos na saúde, transtornos mentais, violência, desemprego, conflitos familiares e até a morte são alguns dos efeitos causados pelo vício.
Alyne também explica que, por ser uma doença bastante estigmatizada, o dependente sente medo e vergonha de pedir ajuda, o que atrasa o tratamento. Por isso, a psicóloga destaca o apoio social e uma rede de suporte como fundamentais para ajudar quem luta contra o vício.
“O apoio social e livre de julgamentos facilita para que o paciente busque ajuda nos primeiros sinais de descontrole no uso de substâncias psicoativas, bem como não tenha receio de recomeçar uma vida após o tratamento, para que possa se inserir na sociedade e se sentir pertencente à ela, podendo usufruir de uma vida saudável e ativa.”
Por ser uma doença comportamental, Alyne explica que é possível perceber quando uma pessoa começa a lutar contra o vício. No entanto, ela alerta: “É necessário estar atento que a dependência química não é apenas o uso em si, mas sim este conjunto de comportamentos.”
Segundo ela, ao perceber os primeiros sinais, como desejo incontrolável e aumento progressivo do consumo de substâncias, acompanhados por crises de abstinência e mudanças comportamentais significativas, incluindo o afastamento social e o endividamento, é fundamental buscar orientação com profissionais capacitados para ajudar e direcionar. Outro fator importante é mostrar abertura e apoio para a pessoa se sentir confortável para pedir ajuda.
“Um fator que dificulta as pessoas de procurar ajuda é o próprio preconceito, a vergonha de ter um familiar ou alguém próximo com este problema. A dependência química é uma doença que precisa ser tratada. Quanto mais tempo demorar para iniciar um tratamento, mais prejuízos acarreta, não apenas ao dependente químico, mas sim a todos em sua volta.”
Outro ponto de atenção são as recaídas, comuns durante o processo de recuperação. Alyne reforça que uma rede de apoio é fundamental nesses momentos, além de ajuda de profissionais capacitados que possam identificar a recaída. “Isso evita que o paciente desista dele mesmo, achando que porque recaiu não tem mais jeito. Enquanto há vida, há possibilidade.”