Atividade econômica vital para Itapema, o turismo aufere, sobretudo na alta temporada, recursos preciosos ao município, que servirão para manter o nível de investimentos pelo Poder Público e pela iniciativa privada ao longo do ano. Mas como todo processo de desenvolvimento, o ‘inchaço’, mesmo que pontual, da cidade, no período festivo, pode trazer danos ambientais, […]
Atividade econômica vital para Itapema, o turismo aufere, sobretudo na alta temporada, recursos preciosos ao município, que servirão para manter o nível de investimentos pelo Poder Público e pela iniciativa privada ao longo do ano. Mas como todo processo de desenvolvimento, o ‘inchaço’, mesmo que pontual, da cidade, no período festivo, pode trazer danos ambientais, muitas vezes irreparáveis.
Não raro, turistas pouco conscientes contribuem para o acúmulo de resíduos em áreas públicas e do próprio mar reluzente da cidade. No plano corporativo, a questão é de mais difícil solução, quando se trata da implantação de grandes complexos turísticos em áreas desmatadas, o que já se constitui um crime ambiental, que devasta, tanto a fauna, quanto a flora de áreas, até então preservadas.
Por parte das autoridades locais, não é visível – ao menos, até agora, em que a alta temporada está apenas no início – a divulgação de campanhas de conscientização, sem contar a forte pressão exercida sobre a infraestrutura de saneamento básico local.
Veja alguns exemplos de danos ambientais, decorrentes do ‘inchaço’ das cidades:
Turismo pelo turismo, sem preocupação ambiental, pode ser considerado um ‘tiro no pé’ para a própria economia, caso sejam devastadas regiões inteiras, como ocorreu na praia de Maya Bay, na exótica Tailândia, a ponto ter seu acesso proibido em 2018, para que fosse feita a recuperação ambiental da região. O mesmo ocorreu na localidade de Boracay, nas Filipinas.
Como ‘remédio’ à destruição ambiental causada pelo desenvolvimento ‘insustentável’, o ecoturismo vem sendo adotado de forma crescente entre os países com forte apelo turístico, como o Brasil. Exemplo icônico dessa tendência pode ser encontrado em Bonito (MT) cuja vocação ecoturística pode ser comprovada pela preservação, intacta, de suas águas cristalinas e vegetação nativa, em convivência harmônica com espécies da fauna aquática e terrestre.
Quatro crimes ambientais – No caso específico de Itapema, no início de maio deste ano, uma denúncia de práticas de crimes ambientais em uma invasão na rua 450, no bairro de Morretes, motivou uma operação conjunta da Polícia Militar, Celesc, FAACI (Fundação Ambiental da Área Costeira de Itapema), Guarda Municipal e Secretaria de Obras.
Ao todo, foram constatados quatro crimes ambientais: destruição de vegetação, corte de árvores em florestas de preservação permanente, impedimento da regeneração natural de florestas e desmatamento. No episódio, foram demolidas 15 construções irregulares em áreas de preservação ambiental, desocupadas, mas em processo de construção. Após serem identificados, os responsáveis foram relacionados em boletim de ocorrência, posteriormente encaminhado à Polícia Civil para abertura de inquérito policial, como também ao Ministério Público (MP) para que fossem tomadas as providências cabíveis.
Morte de cardumes – Outra ocorrência relevante data de agosto último, quando o Ministério Público de Santa Catarina apresentou denúncia contra a Companhia Águas de Itapema e seu diretor, por crime de poluição ambiental, com o agravante de que a companhia teria impedido o uso público da praia, em razão do grande volume de resíduos sólidos que se acumulara no local. Durante vistoria realizada na região, em janeiro deste ano, a Fundação Ambiental Área Costeira de Itapema (FAACI), constatou o acúmulo de quantidade expressiva de matéria orgânica, em decorrência de lançamento irregular de esgoto no Rio da Fita e no Rio Perequê, que também teriam recebido lodo, efluente responsável por danos maiores à saúde humana do que propriamente o esgoto bruto.
O resultado foi a morte de cardumes inteiros de peixes nas proximidades da desembocadura do Rio Perequê no mar, sem contar o forte mau cheiro dela decorrente. Como o rio Perequê está situado na divisa dos municípios de Itapema e Porto Belo, a Fundação do Meio Ambiente (FATMA) decidiu autuar Companhia Águas de Itapema, além de estabelecer uma multa no valor de R$ 500 mil, por conta da contaminação dos cursos de água citados.