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Camila Diel | 15/02/2024 17:37

15/02/2024 17:37

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Dia Internacional de Luta contra o Câncer na Infância: Conheça a história da itapemense que venceu a leucemia após enfrentar doença dos 6 aos 10 anos

Ágatha Boing Kirchner tinha apenas seis anos quando sua vida em Itapema tomou um rumo inesperado. Em 2013, a família enfrentou o que muitos pais temem: sua filha foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda. “Os sintomas surgiram rapidamente, uns 15 dias antes. Só ela tinha começado a aparecer mancha roxa pelo corpo, dor nas costas […]

Ágatha Boing Kirchner tinha apenas seis anos quando sua vida em Itapema tomou um rumo inesperado. Em 2013, a família enfrentou o que muitos pais temem: sua filha foi diagnosticada com leucemia linfoblástica aguda.

“Os sintomas surgiram rapidamente, uns 15 dias antes. Só ela tinha começado a aparecer mancha roxa pelo corpo, dor nas costas e, de repente, dor no peito. Quando ela sentiu dor no peito, daí a gente levou ela para o hospital. Daí fizeram exames e já viram, né? Quando eles vieram contar para mim e para o pai dela, já tinham entrado em contato com o hospital lá de Floripa para encaminhar ela. Daí eles vieram contar, foi ali no Pequeno Anjo, Itajaí, que foi diagnosticada,” relata Caroline Boing, a mãe de Ágatha. A notícia veio como um choque, mas também o início de uma batalha pela vida de Ágatha.

“Foi em março, perto do meu aniversário de sete anos, que a dor e as manchas roxas revelaram a doença,” Ágatha lembra. Após o diagnóstico, a família enfrentou uma viagem de emergência para Florianópolis. “Já ficamos internadas, né?” recorda a mãe.

“Muitas pessoas vieram me visitar, familiares, e eu não entendia o que estava acontecendo. Meus pais não me contaram nada naquele momento; minha mãe apenas disse que íamos para um hospital maior em Florianópolis, como se fossem férias, mas que logo voltaríamos para casa.” reflete a garota, com quase 17 anos agora. 

Ágatha foi colocada em isolamento por 15 dias, um período intensivo de exames para entender melhor sua condição. A sensibilidade aos medicamentos apresentou um desafio adicional, exigindo uma abordagem cuidadosa no tratamento.  “Hipersensível aos medicamentos. Então ela fazia quimioterapia no hospital, daí voltava para casa, ficava dois, três dias em casa, tinha que retornar para tratar sem ter ocorrência, né?” a mãe explica, destacando a rotina exaustiva que se seguiu.

“Eles tiravam meu sangue o tempo todo, e havia um médico que falava comigo; minha mãe disse que eu também tinha uma psicóloga, mas não me lembro muito bem, ela que me contou”, relembra ela. Os efeitos colaterais, como pedra nos rins e sangramento na gengiva, foram apenas algumas das várias intercorrências que Ágatha enfrentou durante o ano. Esse ciclo de idas e vindas ao hospital para exames e acompanhamento médico tornou-se a nova normalidade para a família. “E a gente ficou um ano assim, indo e voltando, indo e voltando para o hospital fazendo exames e acompanhando,” compartilha a mãe

Nesse período difícil, o apoio veio de todas as direções. “Minha mãe ficava comigo no hospital, enquanto meu pai e outros familiares se revezavam em visitas”, Ágatha conta. A comunidade de Itapema também se mostrou incrivelmente solidária, a mãe afirma.

A família Boing, conhecida na cidade pela popular sorveteria da praça, viu uma onda de solidariedade envolvê-los. “A nossa família era bem conhecida porque tínhamos a sorveteria da praça, daí todo mundo se mobilizou, né?” conta a mãe de Ágatha, expressando sua gratidão. A mobilização incluiu correntes de oração e homenagens, com destaque para o envolvimento de Ágatha no coral Vivaz. “Fizeram corrente de oração, ela participava do coral Vivaz, fizeram homenagem, foi muito bonito ver a força que todo mundo deu para gente,” relembra.

Um dos momentos mais emocionantes para Ágatha foi a decisão de raspar o cabelo. “Lembro da primeira vez que raspei o cabelo; não queria de jeito nenhum porque meu cabelo era comprido e eu era muito apegada a ele”. “Demorou um tempo até eu aceitar. Primeiro, cortamos curtinho porque estava caindo muito. Depois, um dia, internada, decidi raspar,” relata Ágatha.

“Minha enfermeira veio, raspou, e minha mãe, sentada à minha frente, chorou muito,” compartilha. O apoio da família foi crucial; mesmo diante da tristeza, eles se mantiveram firmes. “Meu pai chegou depois, e eu queria fazer uma surpresa. Ele ficou triste, chorou também,” diz Ágatha, destacando o impacto emocional da situação.

Durante o tratamento contra a leucemia, Ágatha enfrentou momentos tão desafiadores que, por mecanismo de defesa, seu cérebro optou por esquecer alguns detalhes. “Não me lembro de muita coisa da quimioterapia ou de quando estava internada; acho que meu cérebro decidiu bloquear essas lembranças”, ela explica, sugerindo a intensidade emocional e física dessas experiências. Apesar desses períodos nebulosos, a jornada de Ágatha no hospital não foi marcada apenas por lutas; ela também foi uma época de novas amizades.

Dentro dos corredores do hospital, Ágatha encontrou conforto e companhia em outros jovens pacientes enfrentando batalhas similares. “Mas fiz alguns amigos no hospital, internados comigo. A maioria, falo até hoje,” ela conta, destacando como essas relações se tornaram uma fonte de apoio mútuo.

Com o tempo, o tratamento começou a mostrar resultados positivos, e Ágatha pôde entrar em um período de manutenção. “As consultas se tornaram menos frequentes. Hoje, já não preciso mais ir lá” ela celebra.

A jornada de Ágatha, de enfrentar a leucemia aos seis anos até se tornar uma sobrevivente aos 17, é uma história de resiliência e esperança. “Foi muito bonito ver a força que todo mundo deu para gente,” compartilha a família, expressando gratidão pelo apoio inabalável recebido durante os momentos mais difíceis. Agora, com a doença vencida, Caroline olha para trás e reflete sobre o caminho percorrido. “E agora tá aí, já uma moça com 17 anos, graças a Deus, venceu!”

“Quando recebemos o diagnóstico, parecia que tudo acabou, mas aos poucos vamos aprendendo sobre a doença e sempre com a esperança da cura”. A jornada da família que durou quatro anos, não foi solitária: “Vimos tantas crianças na mesma situação, tantas mães e pais na mesma luta que tiramos força pra enfrentar tudo”, reflete Caroline.

No Dia Internacional de Luta contra o Câncer na Infância, a história de Ágatha ressalta a importância do diagnóstico precoce, do tratamento adequado e do apoio da comunidade.

 

 

 

 

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